Notícias 33 - 17 de outubro de 2011
Apesar de não haver nenhuma menção ou referência bíblica, durante muitos anos a “maçã” foi, sabe-se lá porque, utilizada como símbolo do fruto proibido que Adão e Eva comeram no paraíso, buscando se igualar a sabedoria de Deus. Com esse relato a fruta não tem mesmo nenhuma ligação. Mas, há alguns anos, a maçã teve motivos para se tornar de fato o símbolo da “vaidade humana”.
Genial e inovador, Steve Jobs foi considerado um mestre da tecnologia. Mas engana-se quem pensa que era seu único talento. Como já dizia um importante rei “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”... e “ouvir” era uma especialidade de Jobs. A tecnologia foi apenas uma ferramenta que ele usou para personificar o desejo das pessoas.
O computador foi uma invenção sensacional, porém, um bloco, grande, bege, cheio de fios. Ele percebeu que as pessoas gostavam e dependiam dos computadores, mas que havia alguns pontos negativos. E era exatamente nessa brecha que a Apple entrava. Enquanto muitos pensavam nos produtos, Jobs pensava nas pessoas. O foco de produção dele não era inventar um produto e apresentar para as pessoas, era desenvolver o que as pessoas gostariam que existisse, sempre utilizando o design em favor da beleza e da praticidade, pontos chave da nossa vaidade.
Portanto, o grande segredo da maçã não é a tecnologia em si, mas a habilidade em entender o que as pessoas gostariam de ter e desenvolver, aí sim, se valendo de alta tecnologia, um produto que preencha esse desejo.
Só que Jobs ia além. Todo bom marqueteiro sabe que um produto que atende as expectativas do consumidor, é apenas um produto. É como se o cliente pensasse “não fez mais que sua obrigação”. E o grande golpe de genialidade do tão aclamado ícone dos aparelhos tecnológicos era a sua visão de negócio. Mais que desenvolver produtos, Jobs tinha uma invejada noção de toda a rede de negócio, com o toque de uma brilhante (que deveria ser óbvia) estratégia de marketing.
Enquanto a preocupação de muitos era como as gravadoras sobreviveriam após a invenção do IPod, Jobs lançou também uma modalidade de negócio para que as pessoas pagassem pelas músicas. Só que ter um IPod não era simplesmente desfrutar dos benefícios de um aparelho eletrônico, era fazer parte de uma rede seleta de pessoas.
Essa percepção de status social que os aparelhos criaram, fizeram da Apple mais que uma empresa com cliente, a tornou um ídolo com fãs. O logotipo em formato de maçã passou a ser sinônimo de status, de tal forma que os usuários não têm um computador, tem um MAC. Não possuem um telefone, fazem parte de um grupo que tem IPhone onde é possível compartilhar arquivos apenas com outros especiais usuários do IPhone.
E assim por diante. A própria sigla “I” no nome dos aparelhos já traz claramente uma referência do “Eu”. O eu da maçã significa “eu posso”, “eu tenho”, “eu sou”. O fazer parte, ter acesso ou ser usuário da “última descoberta inovadora”, se tornaram fatores muito mais valiosos que a própria utilidade da invenção em si.
Agora muita gente se pergunta: “O que será da Apple sem seu líder emblemático?”. Por enquanto, continua sendo uma pergunta sem muitas respostas. O caso é que em matéria de tecnologia, ela vai continuar a mesma, pois Jobs não trabalhava sozinho. Nem ao certo se sabe das ideias geniais, quais eram realmente de Jobs. A grande falta será a figura simbólica criada por ele e uma mente que consiga, ao mesmo tempo, perceber o desejo das pessoas, personificar isso em aparelhos tecnológicos, aliar esse produto a toda uma estratégia de negócios e ainda gerar um teor de status que mexe profundamente com o ego.
Diante da paixão exacerbada e da idolatria que muitos clientes possuem em torno de tudo que é ligado à Apple, podemos dizer que hoje, verdadeiramente, o maior legado de Jobs para a empresa foi firmar a maçã como símbolo da vaidade humana.
E para você, o que é pensar diferente?
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