Animais Silvestres - Sobre bichos e gente


Notícias 26 - 15 de abril de 2011

Essa é uma história de amor. Não de romance, nem de mocinhos e mocinhas que se casam no final. Não. Essa é uma história para lembrar que existem bichos, “gente” e gente. É uma matéria sobre o resgate de uma veadinha e a sociedade em que vivemos.

No dia 28 de março, dois irmãos se depararam com um animal atropelado nas redondezas da Grande São Paulo, provavelmente arrastado por um carro e deixado sem socorro. Os rapazes chamaram a polícia e ajudaram transportar o bicho até uma veterinária de clínica privada, que prontamente atendeu a ocorrência sem cobrar os serviços. Quadro: hemorragia, muitas escoriações, osso exposto, intestino exposto, patas e coluna fraturadas, perda de placenta e pouquíssima vida.

A veadinha “Vitória Barbie”, como foi carinhosamente apelidada pela neta da veterinária, encontrou no mesmo dia dois tipos de gente. O primeiro que a feriu e deixou para morrer e o segundo, que despertou uma mobilização social em prol da vida, seja ela qual for.

A dona da chácara, onde tentaram comprar alimentos para o animal, se comoveu e doou comida para o tempo de recuperação. A policia conseguiu uma vaga na USP (Universidade de São Paulo) para tirar as radiografias necessárias. A veterinária, a família dos rapazes e alguns policiais conseguiram, depois de vários contatos, uma equipe de cirurgiões da FMU que se voluntariou e cedeu uma vaga no hospital veterinário no Morumbi, gratuitamente. Eles também conseguiram amigos que contribuíram para comprar as placas implantadas nas patas.

A cirurgia foi um sucesso e Vitória Barbie está em uma excelente recuperação e tratamento na veterinária, que se apaixonou por esse focinho da foto. “Ela é muito mansa e até lambe a mão da gente quando vamos dar comida”, diz a mãe dos rapazes que a socorreram. “Ela lambeu o rosto de uma enfermeira enquanto a ajeitava”, disse uma veterinária.

Esse simples bicho mostrou como ainda é possível gerar uma onda de solidariedade em um mundo cheio de atrocidades. O problema é que histórias como a dela são exceções. Em geral, os animais encontram apenas com o primeiro tipo de “gente” e a maioria sofre jogada até a morte. Nesse primeiro grupo de “gente” também estão aqueles que não colocam sinalizações nas estradas, os que, quando há sinalização, não respeitam, os que excedem a velocidade e tantos outros que não precisam ser diretamente cruéis, são apenas irresponsáveis.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, o DEPAV (Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre) recebe mais de 150 animais silvestres feridos por mês, encontrados pela população ou apreendidos em cativeiros com maus tratos.

Vitória Barbie será solta em seu habitat assim que se recuperar, mas deixa uma reflexão: o mundo geme e suporta angústias aguardando a manifestação dos homens. Se cada um fizesse a sua parte, ou ao menos um pouquinho, muitas vidas seriam poupadas.

ATENÇÃO: Se você encontrar um animal silvestre ferido ou quiser denunciar maus tratos e cárcere ilegal de animais, entre em contato com:

Polícia Militar Ambiental (principalmente para resgate ou socorro)
Contato: 190

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Contato: 0800-61-8080

Depave - Divisão Técnica de Medicina Veterinária
(Programa permanente de reabilitação de animais silvestres)
Av. IV Centenário, Portão 7A
Segunda a sexta-feira, das 7h às 19h
Tel/Fax: 11 3885-6669
faunasvma@prefeitura.sp.gov.br
www.prefeitura.sp.gov.br/fauna

Polícia Ambiental do Brasil
www.pmambientalbrasil.org.br/unidades.htm

RENCTAS - Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres
www.renctas.org.br

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