A carne é fraca

Sem a intenção de ser conservador a festa conhecida como Carnaval vai além das características de uma simples festa com brincadeiras que estimulam os que dela participam. 


Ano 4 - Revista nº 7 - Janeiro 2013

Tudo aquilo que vira celebração de uma ou de outra forma é significativo para quem dela participa. Certo? O carnaval sempre teve uma data de celebração e, portanto, um referencial a um período de onde as obrigações, os direitos e comportamentos do cotidiano pudessem ser anulados. Aliás essa sempre foi a proposta dessa festa. 

Segundo historiadores essas celebrações surgiram inicialmente na Suméria e também no Egito há mais de 5000 anos. No Egito, logo quando os homens começaram a preparar os primeiros rituais nas celebrações da fertilidade e da colheita nas lavouras às margens do rio Nilo, agricultores cantavam e dançavam em volta de fogueiras mascarados e fantasiados em culto ao deus touro Ápis, que era o deus Osíris “reencarnado” e a deusa Ísis a fim de agradecerem a boa colheita e também espantar os maus espíritos. 

Em Roma, comemoravam-se as Saturnais e as Lupercalias, eventos em honra aos deuses Saturno, Baco e Pã. Essas festas eram tão importantes que, durante as festas, os tribunais e escolas eram fechados, escravos eram libertados, as pessoas saíam às ruas para dançar, enfim, a euforia era geral. Durante a abertura dessa festa, diversos carros enfeitados, que lembravam muito navios, transitavam pelas ruas com homens e mulheres, todos nus. Esses carros eram chamados de Carrum Navalis e é daí, que muitos acreditam ter surgido a expressão Carnevale. 

Com a evolução da sociedade grega, os rituais tornaram-se mais “ricos” acrescidos de bebida e de orgias nos cultos ao deus Dionísio, o qual equivalia ao deus Baco de Roma. Como não poderia deixar de ser, a tradição dos Carrum Navalis também chegou à Grécia e assim se manteve. Críticas eram feitas de forma sarcástica ao governo e governantes durante os festejos. 

Vale lembrar que as festividades chegaram a um ponto comum: “não havia distinção social”. Assim foram associados manifestos de expressões tais como dança, música, sátira, máscaras e muita desordem. Em uma sociedade com muitas diferenças sociais, as partes apresentaram-se no anseio de liberdade para todos. 

Sem se indignar a sociedade aceita que durante essa festa as orgias sexuais, a mentira, a falta de respeito às autoridades, o deboche, a morbidez, a embriagues, a glutonaria tornem-se práticas perfeitamente aceitáveis. 

Hoje, vivendo numa sociedade que se diz informada, como continuamos a aceitar o domínio total do prazer íntimo da carne, onde o egoísmo, o individualismo, a prostituição, o ciúmes, a libertinagem, a inveja, a vingança, o ódio sejam celebrados? Como aceitamos que essas coisas sejam incentivadas dentro de nossas escolas, maquiando a festividade como manifestação cultural para que pais e filhos participem de forma inocente sem ter o devido conhecimento dos reais motivos dessa celebração? Você leitor acha que estamos sendo conservadores? Partidários? No carnaval o índice de violência contra a pessoa, e aqui consideramos toda e qualquer modalidade, assassinato, roubo, furto, direção irresponsável com vítimas, drogas, transmissão de doenças sexuais, abortos e outros tem uma alta significativa, acarretando uma interferência social nos setores de Segurança Pública, Saúde, Transporte, Patrimônio, Família, etc. 

O carnaval é uma festividade que denuncia uma sociedade passiva que esquece de levar as cargas uns dos outros, que julga ser alguma coisa, não sendo nada e que engana a si mesma. Não nos enganemos pois aquilo que semearmos, isso também colheremos. 

Como homens estamos semeando para o próprio prazer e estamos colhendo corrupção. Enquanto pessoas morrem por falta de ambulâncias que as transportem para hospitais, nas celebrações de Carnaval, esses mesmos veículos são disponibilizados para garantir o bem estar dos foliões nos desfiles promovidos para “divertir o povo”. O povo só esquece que o desfile, a segurança, as ambulâncias, o local onde estão é mantido e patrocinado com o seu próprio dinheiro, mas no momento que ele “povo” precisar ser socorrido, pela polícia, pelo sistema de saúde, nem cidadania ele tem. 

É sutil a forma de interferência com prejuízo à pessoa que essa celebração oferece. Desde sempre um objetivo distorcido, maligno, de ingerência ao sentimento divino de liberdade dado ao homem, fazendo-o acreditar que a “carne é fraca”, uma desculpa leviana para quem quer justificar o erro. 

Existem pessoas, embora poucas, que explicitam à realidade que está diante dos olhos do brasileiro e que este se nega a enxergar. 

O assunto é antigo, embora atual. 

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